o pierrô e a rosa

quando lábios seus
rogam e habitam
lábios meus há
o encontro perfeito
entre largo sorriso
em rasgo estreito

ensaio vermelho

canção tingida
encarnada boca rija
chicote ímpio
das esquerdas, de paixões
devassidões e taras
conjugar-te rubro
flameja-me escarlate.

faixa de segurança

que meus olhos
querem sua visão
retilínea
sobre minhas retinas

telas

se me toca
Khalo
se rubro
Frida

a chama da aparição

ainda queimava
e a pele rubra
lambia-me

ventre e existência
em farrapos

a fumaça atravessava-me
feito besta-fera
galopava em olhos
vidrados que refletiam
a carga do fenecer e vagar

na leveza da dor flutuava
pálpebra, olho e caos.

ave

que me arde
inflama
somos asas
em chama
sobre nossa
cama

ardis

adocicado seu gosto
e feito varejeira
me vejo presa
veias e anca
entre seus dedos
e suas teias.

em Fá maior

quando me faltas
componho sinfonias
encontro-te sustenido
em nota perfeita

espelho II

eterniza-te aqui
tatua teu nome
pagão em minha
virilha
bem ali onde
tudo se dobra

moais

e se vou lasciva
volto pedra infinita
no reino das horas
quase perdidas