sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

cozido















o verbo ferve
na nervura do músculo
que teso frija
à altura do ósculo

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

mudo





















se as palavras ferem
e as peles se aceitam
seja o silêncio
nosso escudo

domingo, 21 de novembro de 2010

delicada














se me beija
gomos, pétalas
e botão
sou pele
e mais nada

dedicada















faço tudo de mansinho
para ver se esse momento
passa bem devagarzinho

trópico



















colo que dobra-me
beirando a devoção
é calor úmido
é banho de suor
e chuva
em tarde de sol
a pino.

textura

















minha pele
arrepiada
sob a sua
mordedura

aflita
















das juras sobraram
as falas não ditas
os olhos nos olhos

como criança que grita
proteja-me, amor!

sábado, 20 de novembro de 2010

natureza morta




















rubras reluzem sobre o móvel turvo
maçãs numa cesta ovalada copulam
livres e notívagas, quem há de punir?

impuras não atingiram chão ou céu
perdem-se no pecado de serem suas
maduras e nuas sob moldura de papel.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

me deixe solta



















já passei do ponto de querer amores eternos, dois dedos de prosa depois do sexo não é nada mal, até presume-se estima. os laços que me prendem desatam-se do ser amado, mesmo que encontre o gozo, prazer maior em seu corpo, não há o que me prenda a ele. nem os batentes de porta ou o sufocar de seu braço. minha essência tem cheiro de láudano e evapora como. me deixe solta! se quer se deitar comigo, não só por uma noite, entenda que os olhos me prendem mais que abraços e quem tem coragem de fechá-los diante de mim, possuirá meu sorriso enquanto eu viver. não choro ao sair, deixe a porta sem tranca para que eu não precise fugir. só deixo para trás o cheiro de meus ais grudados em colcha sua!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

ama quem te ama




















então não trago culpa
de ser assim tão leviana

meu


















ele cheira mato
ele cheira-me
ele cheira mata


mata-me
de amor

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

domingo, 7 de novembro de 2010

abstrato

























estou frágil e me engano
tantas são as cores
que pincelam a ilusão
que é fácil baixar a guarda
minha capital é caos
nalguma falésia sua

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

cativo




















noites em claro
são manhãs rubras
quando contigo

míngua


















oro abundância
e só tenho sal
do teu suor
no meu umbigo

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

in-voluntária

















és em mim
sentimento
de dentro
pra fora

defloras

in-timidez


















.
entre o íntimo
e os deuses
- ín-timidez -
escravo da tez
que me intima
.

matelassê













deitamos na trama
fiados por torção
flutuamos livres
no meio de nós
dois tecidos

domingo, 24 de outubro de 2010

retórica

















sustenta na língua
o irremediável
o universal signo
e o toque que me cala

origami




















dedos trabalham
a figura profana
é meu antônimo
em dobraduras
de papel

sábado, 23 de outubro de 2010

átrio



















quero-te aqui
desvio e atalho
cardio e adro
destino final

cravo
















rubro distendido
entre meu dente
e palato

entardece-me

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

afago























lento invasivo
toma-me noite
sarrafo
glória
açoite.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

quintas



















em vilas baldias
perco-me em línguas
e todas elas
latejam seu nome.

devassa




















.
vulva minha
e de todos os pênis
- devassa vulva -
arregaça as mangas
e não descansa.
.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

domingo, 17 de outubro de 2010

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

metade
























paga-me beijo
com beijo
língua com língua

e em gozo
divide-me
ao meio.

carmim























em cores rubras
seu nome está
encarnado
entre meus lábios
em minha vulva.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

domingo, 10 de outubro de 2010

sábado, 9 de outubro de 2010

cozido




















o verbo ferve
na nervura do músculo
que teso frija
à altura do ósculo

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

sábado, 25 de setembro de 2010

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

impune
















vislumbra pouca veste
e o toque profundo
que me deste

traga seu peso
e leve de mim apenas
meu perfume

sol


















deita-me poros
e declina tardio

procuro-te olhos
no horizonte vazio.

sábado, 18 de setembro de 2010

origami


















dedos trabalham
a figura profana
é meu antônimo
em dobraduras
de papel